quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Indígena bom de bola

Oi, meu nome é Victor Souza Silva, tenho 12 anos e estudo na escola Josineide da Silva Tavares e eu fui repórter por um dia. Eu acompanhei um jogo entre o time indígena Gavião Kyikatejê e o time de Tucuruí. Foi um jogo espetacular, mas terminou empatado. Meu entrevistado foi o jogador Aru, um dos atacantes do time indígena.
O jogo aconteceu no estádio Zinho Oliveira e tinha muita gente para assistir, grande parte dos torcedores eram índios, que vieram da aldeia para prestigiar o jogo. Eu participei do momento de preparação do time, eles fazem um aquecimento especial. É isso aí, antes de jogar eles pintam o corpo como se estivessem indo para a batalha.
A entrevista aconteceu no intervalo do jogo e eu conversei com o principal jogador do time, o Aru Paulo Ortomo Sompré, que tem 22 anos, é casado e tem um filho.
Minha primeira pergunta foi quando ele começou a jogar bola, e Aru me disse que foi aos 16 anos e que o seu sonho era ser jogador do Vasco da Gama.
Como o time indígena Gavião está participando da Segundinha e está fazendo boas atuações, eu perguntei para o Aru qual era o segredo do time e ele me respondeu que é a confiança e a garra que eles têm em si mesmos. Mas ele me disse que, além disso, dois dias antes das partidas eles não fazem sexo com as esposas, pois acreditam que as mulheres tiram a força do homem, como se fosse a fraqueza deles.
Eu perguntei por que eles se pintavam antes dos jogos e o jogador me explicou que as pinturas que eles fazem no rosto e pelo corpo fortalecem a alma dele, é como se fosse um escudo para os jogadores indígenas. A tinta vermelha que eles usam para pintar o rosto, eles até passaram em mim, é feita de urucum, a mesma semente usada para fazer o corante usado na comida.
Depois da nossa conversa, Aru foi jogar o segundo tempo, e ele jogou muito, fez um gol mas mesmo assim a partida terminou em 2X2. Eu ainda tive a oportunidade de conhecer alguns dos indígenas que estavam na torcida, como os familiares do Aru e outras pessoas, de crianças até idosos, todos torcendo pelos Gaviões.
Eu gostei muito do meu dia de repórter. No começo fiquei nervoso e tímido, mas para a minha primeira vez, acho que mandei bem. Valeu gente, até mais!


Victor Souza
Especial para o CT

“Eu queria a segurança da vila”

Oi, tudo bem? Eu sou Maúna Godinho, tenho 9 anos, gosto de estudar geografia e ciências e sou aluna da escola Gente Importante, onde eu estudo o 5º ano. Os diretores da minha escola, dona Ivonete e seu Cleriston são bem legais. Eu moro com meus pais na Folha 15 e tenho um irmão, o Jefferson, de 17 anos, que mora em Xinguara. Eu gosto de brincar no recreio da escola e com o meu pai quando ele chega do trabalho. Eu fiquei super feliz em participar do Repórter Criança porque conheci os funcionários do Jornal, aprendi a fazer uma reportagem e ainda ganhei um presente.
Eu entrevistei uma menina muito tímida, a Ana Carolina, que tem 7 anos e estuda o 2º ano. Ela mora na Vila Militar Presidente Castelo Branco, porque é filha de um sargento. com um lanche Antes da entrevista, sua mãe nos ofereceu um lanche (que estava delicioso!).
Eu quis saber primeiro do que ela gostava de brincar e a Ana me disse que adora brincar de pique-alto, mas quase todos os dias ela também anda de bicicleta pelas ruas da vila. A matéria que ela mais gosta é artes, e ela me disse que gosta tanto, porque é através dessa matéria que ela aprende a desenhar.
Eu quis saber sobre as tarefas de casa da Ana, e ela me disse que faz o dever que os professores passam para casa somente quando os pais dizem que está na hora. Como eu sou curiosa, perguntei se ela gostava de morar em uma vila militar e ela disse que sim e me explicou que gostava mais porque é um lugar seguro e, além disso, lá ela faz natação, que é uma coisa que ela gosta muito e que ajuda a manter a sua saúde. Quem leva a Ana para a natação é a sua avó.
Como eu gosto muito de assistir TV, perguntei à Ana se ela também gostava, e ela respondeu que passa o dia todo na frente da telinha. Ela me mostrou seus dois hamsters chineses, que são uma espécie de ratinhos, eles são fofinhos e eu até peguei um deles na minha mão. A Ana me convidou para dar um passeio pela vila, e adivinhem o que eu vi por lá? Cotias, isso mesmo, eu vi umas três cotias. A mãe de Ana me explicou que além de cotias, já apareceu um gambá, três cobras e outros animais que vivem na mata próximo da casa delas.
Enquanto a gente passeava, Ana me disse que realmente gostaria de ter três cachorros: um pit bull, um poodle e um rottweiler, mas ela é alérgica a pelo de cachorro, por isso não tem nenhum, mas se ela pudesse, sua casa seria um canil, com muitos e muitos cachorros. Nós brincamos um pouco em um balanço na pracinha da vila e encerramos a nossa entrevista.
Eu gostei muito de entrevistar a Ana, mas ela era muito tímida, mesmo assim, foi uma tarde legal.



Maúna Godinho
Especial para o CT

“Queremos uma família”

Olá, gente, eu sou o Mateus Vinícius Pinto Ferreira. Tenho 9 anos e estudo a 3ª série na escola Francisco de Souza Ramos. O nome da minha professora é Luíza e ela é muito legal. Eu moro no abrigo (Espaço de Acolhimento Provisório), na Cidade Nova. Eu moro lá com minha irmã Jana Cristina Pinto Ferreira, de 7 anos. Eu gostei de ser escolhido repórter criança e agora acho que quero ser um repórter quando crescer.
Para essa reportagem eu entrevistei minha colega do abrigo, Elisângela Pereira da Conceição. Ela tem 17 anos e mora lá há dois anos. Eu perguntei primeiro se ela gosta do abrigo e ela respondeu que sim, e se sente segura lá e gosta muito dos colegas e das pessoas que cuidam da gente.
A Elisângela me disse que não conhece sua família e não sabe se tem irmãos. Eu perguntei ainda o que deixa ela mais estressada, porque as vezes eu vejo que ela fica brava. Ela sorriu e me respondeu que é a bagunça dos nossos colegas lá do abrigo. Eu mesmo faço muita bagunça, às vezes. Só às vezes.
Eu perguntei também o que mais a Elisângela gosta de comer e ela me contou que gosta muito de doces e carne com gordura. Mais ela disse que sabe que isso ela não pode comer, porque faz mal.
A coisa mais importante que eu perguntei foi como ela gostaria que fosse sua nova família. Ela disse que não queria escolher, mas quer que seja uma família boa para ela, que cuide dela bem. Eu também quero uma família assim, que cuide de mim e da minha irmãzinha Jana.
Engraçado que a Elisângela é uma menina, mas ela me disse que gosta de brincar com carro, que um brinquedo mais dos meninos. Mas eu também já vi ela brincando de boneca.
Eu perguntei também em que ela gostaria de se formar e ela me disse que quer ser advogada. Como a Elisângela tem 17 anos, perguntei por último se ela já tem namorado, mas ela sorriu e ficou sem graça, mas respondeu que por enquanto não pensa em namorar e quer mais é saber de estudar.
Lá no abrigo, eu tenho uma vida muito legal. A gente brinca muito e joga futebol, e no domingo vamos até para a praia se divertir.


Mateus Vinícius
Especial para o CT

Cyber cheio, biblioteca vazia



Meu nome é Lucas Johnathan de Oliveira Ferreira, tenho 9 anos e estudo no Colégio Monte Castelo. Eu moro com minha mãe Arley e com minha irmã Letícia, de 7 anos. Na minha reportagem eu escrevi sobre o uso de bibliotecas e de cybers ou infocentro que há em algumas escolas.
Fui para a escola Geraldo Veloso, onde existe uma biblioteca e um infocentro. Lá eu entrevistei dona Socorro Macias Bogéa, uma professora que trabalha no infocentro, e também Anita Maria de Jesus Silva, auxiliar de biblioteca. Eu conversei primeiro com a dona Anita sobre a biblioteca e ela me disse que estudantes de qualquer escola podem pesquisar nos livros e revistas da biblioteca, mas para entrar lá é preciso usar uniforme de uma escola.
Ela me disse que existem naquela biblioteca cerca de dois mil livros e falou também que a média de pessoas que frequentam a biblioteca por dia é de 45 alunos.
Eu quis saber por que as pessoas preferem pesquisar no infocentro do que na biblioteca, e dona Anita me falou que a maioria dos alunos tem preguiça de ler. Ela me disse que para atrair mais estudantes é necessário que tenha quadros nas paredes da biblioteca para mostrar alguns autores importantes.
Eu achei que o número de livros que vão para as casas dos alunos é pequeno. Dona Anita falou que são emprestados apenas uma média de dez livros por dia. Ela disse que é preciso ter carteirinha para levar livros para casa, mas os alunos conhecidos que frequentam a biblioteca e não tem carteirinha podem levar mesmo assim.
Dona Anita acha que em Marabá tem poucas bibliotecas e muitos cybers e sugeriu que o governo investisse mais para tornar as bibliotecas atraentes.
A Socorro Bogéa me contou que qualquer pessoa da comunidade pode usar o infocentro e não apenas os alunos que estudam lá. Numa sala bem grande existem 24 computadores, mas cinco deles estão danificados. Mesmo assim, o número de pessoas que usam os computadores é muito grande, e ela não sabe quantos passam por lá em um dia.
Eu quis saber se não tinha planos de abrir o infocentro no final de semana para quem quiser pesquisar e dona Socorro me disse que está elaborando um projeto chamado Escola de Portas Abertas para abrir o infocentro aos sábados e domingos.
Perguntei se as pessoas podem acessar o Orkut e MSN lá e ela me disse que sim, desde que tenham terminado sua pesquisa. Mas depois da entrevista eu caminhei pelo infocentro e percebi que a maioria dos estudantes estava assistindo vídeo no Youtube ou acessando o Orkut. Apenas dois dos mais de 10 alunos estavam realmente pesquisando. Um deles era Johnny Quest, que buscava informações sobre a dança salsa.
Eu gostei de escrever sobre este assunto porque eu costumo ler livros. Agora mesmo estou lendo o livro Crônicas de Nárnia. Foi minha mãe quem comprou e estou gostando das histórias.


Lucas Johnathan
Especial para o CT

Entrevistei o prefeito, gente!



Oi, meu nome é Lorrayne Nayla Sampaio Novaes Ferreira da Silva. Tenho 10 anos e estudo na escola Ilan Jadão. Minha professora se chama Antônia da Silva Cardoso. Estou muito feliz por ter sido escolhida para ser repórter criança por um dia e também fiquei feliz por ter sido escolhida entre as 12 crianças para entrevistar o prefeito Maurino Magalhães de Lima.
Ele não estava em seu gabinete, na Prefeitura, mas sim na sede do seu partido, chamado de PR. Quando eu cheguei lá, não esperei muito e o prefeito já saiu para me receber.
Minha primeira pergunta para ele foi para saber como ele ia fazer para melhorar a saúde de muitas pessoas, pois eu conheço muita gente que sofre de algumas doenças. Ele deu uma resposta muito grande, mas eu entendi que o projeto da refeição nas escolas vai ajudar para que as crianças não adoeçam. O prefeito disse também que Marabá só tinha uma equipe do programa de saúde da família e ele quer aumentar para 20 ou mais em seu governo.
Como a minha escola é muito quente e minha sala é abafada e só tem um ventilador, eu perguntei para o prefeito Maurino se ele não poderia colocar ar condicionado nas escolas da cidade. Ele me disse que tava fazendo um estudo para saber quanto gastaria com a conta de energia e me contou que vai fazer um contrato com a Eletronorte para ajudar a instalar ar condicionado em todas as escolas municipais.
Na Folha 19, onde eu moro, muitas ruas não são asfaltadas e eu perguntei pra ele se não poderia asfaltar todas as ruas da cidade, para acabar com a poeira. Ele me disse que não é possível asfaltar todas as ruas da cidade porque precisa de uma coisa estranha chamada “dotação orçamentária”. Ou seja, não tem dinheiro para asfaltar toda a cidade.
Eu contei para o prefeito a história de uma mulher que se chamava Maria e trabalhou lá na minha casa. Ela tinha filhos, mas o dinheiro que ganhava não dava para todas as despesas da casa. Perguntei se ele não poderia dar cestas básicas ao povo do bairro da Coca Cola. Ele me falou que não podia dar comida porque no outro dia acabava e eles iam continuar precisando. Então, ele falou que criou uma secretaria para ajudar as pessoas pobres a conseguir trabalho e assim sempre ter dinheiro para sobreviver.
Eu também perguntei se ele não podia ajudar as crianças que vivem nas ruas, sem pai e sem mãe. Ele me disse que está construindo um lugar para levar essas crianças e disse também que vai instalar em Marabá uma nova escola para que essas crianças passem o dia inteiro estudando. Essa escola será de “tempo integral”. Ela será construída na Folha 16, onde ia ser construído um estádio de futebol.
Por último, eu quis saber qual a melhor e a pior parte de ser prefeito. Ele me disse que a melhor parte é realizar os sonhos do povo de Marabá e a pior parte é de não poder realizar todos os sonhos do povo.


Lorrayne Nayla
Especial para o CT

Toda criança adora presente


Olá, pessoal! Eu sou Larissa Santos Oliveira, tenho 9 anos e moro na Velha Marabá com a minha mãe. Ela está grávida e em breve terei um irmãozinho que será o Alexandro Rafael. Eu estudo no José Mendonça Virgulino e gosto muito de matemática. Quando eu me inscrevi no projeto nem achei que seria escolhida, mas a minha avó Dirce e a Mirian me deram a maior força e eu fiquei muito feliz por ter sido escolhida.
Eu entrevistei Terezinha Martha Veloso Silva, a Teça, que é a sócia-proprietária da loja Chic’s Presentes. Nós conversamos no escritório dela, que fica na Velha Marabá. Minha primeira pergunta foi como a loja estava se preparando para o Dia das Crianças, e ela me falou que foram comprados centenas de brinquedos, como bonecas, carrinhos, vídeo-games e muitas novidades.
As novidades para as meninas nesse Dia das Crianças são a boneca Barbie e as Três Mosqueteiras e para os meninos são as pistas e carrinhos da Hot Wheels.
Teka, como a empresária é mais conhecida, me explicou que os brinquedos são comprados em grandes fábricas através de uma pessoa que mostra as novidades para ela. Todos os brinquedos chegam até a nossa cidade através de transportadoras e são muitos e muitos brinquedos, principalmente agora para o Dia das Crianças.
Perguntei a Teka qual era o período do ano em que mais se vendia brinquedos e ela me respondeu que era a semana das crianças e o Natal. Eu quis saber quais eram os brinquedos mais vendidos e Teka respondeu que eram Barbies, Pollys, carros de controle remoto, MP3, MP4, MP5 e câmeras digitais.
Perguntei também qual era o brinquedo mais caro e o mais barato da loja, e ela me respondeu que o mais caro é uma boneca, da marca Matel que custa R$ 799 e que os mais baratos são carrinhos e bonecas de R$ 8. Teka me explicou ainda que para chamar a atenção das crianças, as prateleiras devem estar sempre bem arrumadas e com os brinquedos mais interessantes bem na frente.
Como eu sei que existem crianças que birram e choram querendo um brinquedo da loja, perguntei para Teka se ela já tinha visto uma cena de criança fazendo isso na loja dela. Ela me contou que muitas crianças choram, esperneiam e gritam para conseguir o que querem, mas tem outras que pedem com jeitinho e acabam conseguindo. Eu perguntei ainda se os brinquedos mais vendidos eram de meninos ou de meninas, e adivinhem, são os brinquedos de meninas.
Por fim eu quis saber se ela já havia escolhido os presentes que iria dar para todos nós que fomos Repórteres Criança do Jornal Correio do Tocantins, e ela disse que sim, e garantiu que nós gostaríamos muito do que iríamos ganhar. Realmente, os presentes foram bem legais. Adorei meu dia de repórter!


Larissa Santos
Especial para o CT

O meio ambiente tá chorando

Gente, sou o Joab Silva e Silva, tenho 11 anos e moro no bairro Belo Horizonte. Estudo o 5º ano na escola Paulo Freire. Meu esporte favorito é o vôlei, e não o futebol, como a maioria dos meninos da minha idade.
Fiz uma reportagem com o dono de uma cerâmica, ou seja, uma fábrica de tijolos que funciona na Folha 35, próximo do rio Itacaiúnas. O nome dele é Evaldo Ramos da Silva, que me mostrou tudo naquela empresa.
Ele me disse que depois que estão prontos, os tijolos demoram em média 12 horas em uma estufa para secar e depois de seco fica na forma por três dias para assar. Eu perguntei para ele quantos quilos de barro são suficientes para fazer um milheiro de tijolos e seu Evaldo respondeu que são necessários mil quilos de barro.
Em apenas um mês de trabalho, as 28 pessoas que trabalham na cerâmica produzem 600 mil tijolos. Para fazer as máquinas funcionarem para queimar os tijolos, eles pagavam cerca de 11 mil reais de energia elétrica, mas agora, depois que mudaram algumas máquinas, estão pagando em torno de 7 mil reais.
São muitos fornos naquela cerâmica. Em cada um cabem 25 mil tijolos. Ele disse que tem tanta gente procurando comprar tijolos, que quando termina de assar tem caminhão esperando para levar para construções aqui em Marabá e em outros municípios aqui pertinho.
Todo o barro é retirado de uma área que fica a 300 metros da cerâmica. Eu fui lá e fiquei impressionado com os buracos que eles fazem para retirar o barro. É uma área muito grande onde nada cresce. Ali são formadas várias lagoas, como se fosse um pântano no meio do deserto. Seu Evaldo disse que sabe que precisa de licença para retirar o barro, mas me contou que o Ibama ainda está vendo como vai fazer para legalizar o serviço.
Eu quis saber se eles tem algum projeto para recuperar o meio ambiente, mas ele não soube responder. Disse apenas que está esperando uma posição do Ibama e da Semma (Meio Ambiente) dizendo o que é preciso fazer recuperar aquelas crateras. Seu Evaldo me disse ainda que não eles só podem retirar barro a uma distância máxima de 300 metros perto do rio. Se cavarem mais perto, serão multados na certa.


Joab Silva
Especial para o CT