quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Indígena bom de bola

Oi, meu nome é Victor Souza Silva, tenho 12 anos e estudo na escola Josineide da Silva Tavares e eu fui repórter por um dia. Eu acompanhei um jogo entre o time indígena Gavião Kyikatejê e o time de Tucuruí. Foi um jogo espetacular, mas terminou empatado. Meu entrevistado foi o jogador Aru, um dos atacantes do time indígena.
O jogo aconteceu no estádio Zinho Oliveira e tinha muita gente para assistir, grande parte dos torcedores eram índios, que vieram da aldeia para prestigiar o jogo. Eu participei do momento de preparação do time, eles fazem um aquecimento especial. É isso aí, antes de jogar eles pintam o corpo como se estivessem indo para a batalha.
A entrevista aconteceu no intervalo do jogo e eu conversei com o principal jogador do time, o Aru Paulo Ortomo Sompré, que tem 22 anos, é casado e tem um filho.
Minha primeira pergunta foi quando ele começou a jogar bola, e Aru me disse que foi aos 16 anos e que o seu sonho era ser jogador do Vasco da Gama.
Como o time indígena Gavião está participando da Segundinha e está fazendo boas atuações, eu perguntei para o Aru qual era o segredo do time e ele me respondeu que é a confiança e a garra que eles têm em si mesmos. Mas ele me disse que, além disso, dois dias antes das partidas eles não fazem sexo com as esposas, pois acreditam que as mulheres tiram a força do homem, como se fosse a fraqueza deles.
Eu perguntei por que eles se pintavam antes dos jogos e o jogador me explicou que as pinturas que eles fazem no rosto e pelo corpo fortalecem a alma dele, é como se fosse um escudo para os jogadores indígenas. A tinta vermelha que eles usam para pintar o rosto, eles até passaram em mim, é feita de urucum, a mesma semente usada para fazer o corante usado na comida.
Depois da nossa conversa, Aru foi jogar o segundo tempo, e ele jogou muito, fez um gol mas mesmo assim a partida terminou em 2X2. Eu ainda tive a oportunidade de conhecer alguns dos indígenas que estavam na torcida, como os familiares do Aru e outras pessoas, de crianças até idosos, todos torcendo pelos Gaviões.
Eu gostei muito do meu dia de repórter. No começo fiquei nervoso e tímido, mas para a minha primeira vez, acho que mandei bem. Valeu gente, até mais!


Victor Souza
Especial para o CT

“Eu queria a segurança da vila”

Oi, tudo bem? Eu sou Maúna Godinho, tenho 9 anos, gosto de estudar geografia e ciências e sou aluna da escola Gente Importante, onde eu estudo o 5º ano. Os diretores da minha escola, dona Ivonete e seu Cleriston são bem legais. Eu moro com meus pais na Folha 15 e tenho um irmão, o Jefferson, de 17 anos, que mora em Xinguara. Eu gosto de brincar no recreio da escola e com o meu pai quando ele chega do trabalho. Eu fiquei super feliz em participar do Repórter Criança porque conheci os funcionários do Jornal, aprendi a fazer uma reportagem e ainda ganhei um presente.
Eu entrevistei uma menina muito tímida, a Ana Carolina, que tem 7 anos e estuda o 2º ano. Ela mora na Vila Militar Presidente Castelo Branco, porque é filha de um sargento. com um lanche Antes da entrevista, sua mãe nos ofereceu um lanche (que estava delicioso!).
Eu quis saber primeiro do que ela gostava de brincar e a Ana me disse que adora brincar de pique-alto, mas quase todos os dias ela também anda de bicicleta pelas ruas da vila. A matéria que ela mais gosta é artes, e ela me disse que gosta tanto, porque é através dessa matéria que ela aprende a desenhar.
Eu quis saber sobre as tarefas de casa da Ana, e ela me disse que faz o dever que os professores passam para casa somente quando os pais dizem que está na hora. Como eu sou curiosa, perguntei se ela gostava de morar em uma vila militar e ela disse que sim e me explicou que gostava mais porque é um lugar seguro e, além disso, lá ela faz natação, que é uma coisa que ela gosta muito e que ajuda a manter a sua saúde. Quem leva a Ana para a natação é a sua avó.
Como eu gosto muito de assistir TV, perguntei à Ana se ela também gostava, e ela respondeu que passa o dia todo na frente da telinha. Ela me mostrou seus dois hamsters chineses, que são uma espécie de ratinhos, eles são fofinhos e eu até peguei um deles na minha mão. A Ana me convidou para dar um passeio pela vila, e adivinhem o que eu vi por lá? Cotias, isso mesmo, eu vi umas três cotias. A mãe de Ana me explicou que além de cotias, já apareceu um gambá, três cobras e outros animais que vivem na mata próximo da casa delas.
Enquanto a gente passeava, Ana me disse que realmente gostaria de ter três cachorros: um pit bull, um poodle e um rottweiler, mas ela é alérgica a pelo de cachorro, por isso não tem nenhum, mas se ela pudesse, sua casa seria um canil, com muitos e muitos cachorros. Nós brincamos um pouco em um balanço na pracinha da vila e encerramos a nossa entrevista.
Eu gostei muito de entrevistar a Ana, mas ela era muito tímida, mesmo assim, foi uma tarde legal.



Maúna Godinho
Especial para o CT

“Queremos uma família”

Olá, gente, eu sou o Mateus Vinícius Pinto Ferreira. Tenho 9 anos e estudo a 3ª série na escola Francisco de Souza Ramos. O nome da minha professora é Luíza e ela é muito legal. Eu moro no abrigo (Espaço de Acolhimento Provisório), na Cidade Nova. Eu moro lá com minha irmã Jana Cristina Pinto Ferreira, de 7 anos. Eu gostei de ser escolhido repórter criança e agora acho que quero ser um repórter quando crescer.
Para essa reportagem eu entrevistei minha colega do abrigo, Elisângela Pereira da Conceição. Ela tem 17 anos e mora lá há dois anos. Eu perguntei primeiro se ela gosta do abrigo e ela respondeu que sim, e se sente segura lá e gosta muito dos colegas e das pessoas que cuidam da gente.
A Elisângela me disse que não conhece sua família e não sabe se tem irmãos. Eu perguntei ainda o que deixa ela mais estressada, porque as vezes eu vejo que ela fica brava. Ela sorriu e me respondeu que é a bagunça dos nossos colegas lá do abrigo. Eu mesmo faço muita bagunça, às vezes. Só às vezes.
Eu perguntei também o que mais a Elisângela gosta de comer e ela me contou que gosta muito de doces e carne com gordura. Mais ela disse que sabe que isso ela não pode comer, porque faz mal.
A coisa mais importante que eu perguntei foi como ela gostaria que fosse sua nova família. Ela disse que não queria escolher, mas quer que seja uma família boa para ela, que cuide dela bem. Eu também quero uma família assim, que cuide de mim e da minha irmãzinha Jana.
Engraçado que a Elisângela é uma menina, mas ela me disse que gosta de brincar com carro, que um brinquedo mais dos meninos. Mas eu também já vi ela brincando de boneca.
Eu perguntei também em que ela gostaria de se formar e ela me disse que quer ser advogada. Como a Elisângela tem 17 anos, perguntei por último se ela já tem namorado, mas ela sorriu e ficou sem graça, mas respondeu que por enquanto não pensa em namorar e quer mais é saber de estudar.
Lá no abrigo, eu tenho uma vida muito legal. A gente brinca muito e joga futebol, e no domingo vamos até para a praia se divertir.


Mateus Vinícius
Especial para o CT

Cyber cheio, biblioteca vazia



Meu nome é Lucas Johnathan de Oliveira Ferreira, tenho 9 anos e estudo no Colégio Monte Castelo. Eu moro com minha mãe Arley e com minha irmã Letícia, de 7 anos. Na minha reportagem eu escrevi sobre o uso de bibliotecas e de cybers ou infocentro que há em algumas escolas.
Fui para a escola Geraldo Veloso, onde existe uma biblioteca e um infocentro. Lá eu entrevistei dona Socorro Macias Bogéa, uma professora que trabalha no infocentro, e também Anita Maria de Jesus Silva, auxiliar de biblioteca. Eu conversei primeiro com a dona Anita sobre a biblioteca e ela me disse que estudantes de qualquer escola podem pesquisar nos livros e revistas da biblioteca, mas para entrar lá é preciso usar uniforme de uma escola.
Ela me disse que existem naquela biblioteca cerca de dois mil livros e falou também que a média de pessoas que frequentam a biblioteca por dia é de 45 alunos.
Eu quis saber por que as pessoas preferem pesquisar no infocentro do que na biblioteca, e dona Anita me falou que a maioria dos alunos tem preguiça de ler. Ela me disse que para atrair mais estudantes é necessário que tenha quadros nas paredes da biblioteca para mostrar alguns autores importantes.
Eu achei que o número de livros que vão para as casas dos alunos é pequeno. Dona Anita falou que são emprestados apenas uma média de dez livros por dia. Ela disse que é preciso ter carteirinha para levar livros para casa, mas os alunos conhecidos que frequentam a biblioteca e não tem carteirinha podem levar mesmo assim.
Dona Anita acha que em Marabá tem poucas bibliotecas e muitos cybers e sugeriu que o governo investisse mais para tornar as bibliotecas atraentes.
A Socorro Bogéa me contou que qualquer pessoa da comunidade pode usar o infocentro e não apenas os alunos que estudam lá. Numa sala bem grande existem 24 computadores, mas cinco deles estão danificados. Mesmo assim, o número de pessoas que usam os computadores é muito grande, e ela não sabe quantos passam por lá em um dia.
Eu quis saber se não tinha planos de abrir o infocentro no final de semana para quem quiser pesquisar e dona Socorro me disse que está elaborando um projeto chamado Escola de Portas Abertas para abrir o infocentro aos sábados e domingos.
Perguntei se as pessoas podem acessar o Orkut e MSN lá e ela me disse que sim, desde que tenham terminado sua pesquisa. Mas depois da entrevista eu caminhei pelo infocentro e percebi que a maioria dos estudantes estava assistindo vídeo no Youtube ou acessando o Orkut. Apenas dois dos mais de 10 alunos estavam realmente pesquisando. Um deles era Johnny Quest, que buscava informações sobre a dança salsa.
Eu gostei de escrever sobre este assunto porque eu costumo ler livros. Agora mesmo estou lendo o livro Crônicas de Nárnia. Foi minha mãe quem comprou e estou gostando das histórias.


Lucas Johnathan
Especial para o CT

Entrevistei o prefeito, gente!



Oi, meu nome é Lorrayne Nayla Sampaio Novaes Ferreira da Silva. Tenho 10 anos e estudo na escola Ilan Jadão. Minha professora se chama Antônia da Silva Cardoso. Estou muito feliz por ter sido escolhida para ser repórter criança por um dia e também fiquei feliz por ter sido escolhida entre as 12 crianças para entrevistar o prefeito Maurino Magalhães de Lima.
Ele não estava em seu gabinete, na Prefeitura, mas sim na sede do seu partido, chamado de PR. Quando eu cheguei lá, não esperei muito e o prefeito já saiu para me receber.
Minha primeira pergunta para ele foi para saber como ele ia fazer para melhorar a saúde de muitas pessoas, pois eu conheço muita gente que sofre de algumas doenças. Ele deu uma resposta muito grande, mas eu entendi que o projeto da refeição nas escolas vai ajudar para que as crianças não adoeçam. O prefeito disse também que Marabá só tinha uma equipe do programa de saúde da família e ele quer aumentar para 20 ou mais em seu governo.
Como a minha escola é muito quente e minha sala é abafada e só tem um ventilador, eu perguntei para o prefeito Maurino se ele não poderia colocar ar condicionado nas escolas da cidade. Ele me disse que tava fazendo um estudo para saber quanto gastaria com a conta de energia e me contou que vai fazer um contrato com a Eletronorte para ajudar a instalar ar condicionado em todas as escolas municipais.
Na Folha 19, onde eu moro, muitas ruas não são asfaltadas e eu perguntei pra ele se não poderia asfaltar todas as ruas da cidade, para acabar com a poeira. Ele me disse que não é possível asfaltar todas as ruas da cidade porque precisa de uma coisa estranha chamada “dotação orçamentária”. Ou seja, não tem dinheiro para asfaltar toda a cidade.
Eu contei para o prefeito a história de uma mulher que se chamava Maria e trabalhou lá na minha casa. Ela tinha filhos, mas o dinheiro que ganhava não dava para todas as despesas da casa. Perguntei se ele não poderia dar cestas básicas ao povo do bairro da Coca Cola. Ele me falou que não podia dar comida porque no outro dia acabava e eles iam continuar precisando. Então, ele falou que criou uma secretaria para ajudar as pessoas pobres a conseguir trabalho e assim sempre ter dinheiro para sobreviver.
Eu também perguntei se ele não podia ajudar as crianças que vivem nas ruas, sem pai e sem mãe. Ele me disse que está construindo um lugar para levar essas crianças e disse também que vai instalar em Marabá uma nova escola para que essas crianças passem o dia inteiro estudando. Essa escola será de “tempo integral”. Ela será construída na Folha 16, onde ia ser construído um estádio de futebol.
Por último, eu quis saber qual a melhor e a pior parte de ser prefeito. Ele me disse que a melhor parte é realizar os sonhos do povo de Marabá e a pior parte é de não poder realizar todos os sonhos do povo.


Lorrayne Nayla
Especial para o CT

Toda criança adora presente


Olá, pessoal! Eu sou Larissa Santos Oliveira, tenho 9 anos e moro na Velha Marabá com a minha mãe. Ela está grávida e em breve terei um irmãozinho que será o Alexandro Rafael. Eu estudo no José Mendonça Virgulino e gosto muito de matemática. Quando eu me inscrevi no projeto nem achei que seria escolhida, mas a minha avó Dirce e a Mirian me deram a maior força e eu fiquei muito feliz por ter sido escolhida.
Eu entrevistei Terezinha Martha Veloso Silva, a Teça, que é a sócia-proprietária da loja Chic’s Presentes. Nós conversamos no escritório dela, que fica na Velha Marabá. Minha primeira pergunta foi como a loja estava se preparando para o Dia das Crianças, e ela me falou que foram comprados centenas de brinquedos, como bonecas, carrinhos, vídeo-games e muitas novidades.
As novidades para as meninas nesse Dia das Crianças são a boneca Barbie e as Três Mosqueteiras e para os meninos são as pistas e carrinhos da Hot Wheels.
Teka, como a empresária é mais conhecida, me explicou que os brinquedos são comprados em grandes fábricas através de uma pessoa que mostra as novidades para ela. Todos os brinquedos chegam até a nossa cidade através de transportadoras e são muitos e muitos brinquedos, principalmente agora para o Dia das Crianças.
Perguntei a Teka qual era o período do ano em que mais se vendia brinquedos e ela me respondeu que era a semana das crianças e o Natal. Eu quis saber quais eram os brinquedos mais vendidos e Teka respondeu que eram Barbies, Pollys, carros de controle remoto, MP3, MP4, MP5 e câmeras digitais.
Perguntei também qual era o brinquedo mais caro e o mais barato da loja, e ela me respondeu que o mais caro é uma boneca, da marca Matel que custa R$ 799 e que os mais baratos são carrinhos e bonecas de R$ 8. Teka me explicou ainda que para chamar a atenção das crianças, as prateleiras devem estar sempre bem arrumadas e com os brinquedos mais interessantes bem na frente.
Como eu sei que existem crianças que birram e choram querendo um brinquedo da loja, perguntei para Teka se ela já tinha visto uma cena de criança fazendo isso na loja dela. Ela me contou que muitas crianças choram, esperneiam e gritam para conseguir o que querem, mas tem outras que pedem com jeitinho e acabam conseguindo. Eu perguntei ainda se os brinquedos mais vendidos eram de meninos ou de meninas, e adivinhem, são os brinquedos de meninas.
Por fim eu quis saber se ela já havia escolhido os presentes que iria dar para todos nós que fomos Repórteres Criança do Jornal Correio do Tocantins, e ela disse que sim, e garantiu que nós gostaríamos muito do que iríamos ganhar. Realmente, os presentes foram bem legais. Adorei meu dia de repórter!


Larissa Santos
Especial para o CT

O meio ambiente tá chorando

Gente, sou o Joab Silva e Silva, tenho 11 anos e moro no bairro Belo Horizonte. Estudo o 5º ano na escola Paulo Freire. Meu esporte favorito é o vôlei, e não o futebol, como a maioria dos meninos da minha idade.
Fiz uma reportagem com o dono de uma cerâmica, ou seja, uma fábrica de tijolos que funciona na Folha 35, próximo do rio Itacaiúnas. O nome dele é Evaldo Ramos da Silva, que me mostrou tudo naquela empresa.
Ele me disse que depois que estão prontos, os tijolos demoram em média 12 horas em uma estufa para secar e depois de seco fica na forma por três dias para assar. Eu perguntei para ele quantos quilos de barro são suficientes para fazer um milheiro de tijolos e seu Evaldo respondeu que são necessários mil quilos de barro.
Em apenas um mês de trabalho, as 28 pessoas que trabalham na cerâmica produzem 600 mil tijolos. Para fazer as máquinas funcionarem para queimar os tijolos, eles pagavam cerca de 11 mil reais de energia elétrica, mas agora, depois que mudaram algumas máquinas, estão pagando em torno de 7 mil reais.
São muitos fornos naquela cerâmica. Em cada um cabem 25 mil tijolos. Ele disse que tem tanta gente procurando comprar tijolos, que quando termina de assar tem caminhão esperando para levar para construções aqui em Marabá e em outros municípios aqui pertinho.
Todo o barro é retirado de uma área que fica a 300 metros da cerâmica. Eu fui lá e fiquei impressionado com os buracos que eles fazem para retirar o barro. É uma área muito grande onde nada cresce. Ali são formadas várias lagoas, como se fosse um pântano no meio do deserto. Seu Evaldo disse que sabe que precisa de licença para retirar o barro, mas me contou que o Ibama ainda está vendo como vai fazer para legalizar o serviço.
Eu quis saber se eles tem algum projeto para recuperar o meio ambiente, mas ele não soube responder. Disse apenas que está esperando uma posição do Ibama e da Semma (Meio Ambiente) dizendo o que é preciso fazer recuperar aquelas crateras. Seu Evaldo me disse ainda que não eles só podem retirar barro a uma distância máxima de 300 metros perto do rio. Se cavarem mais perto, serão multados na certa.


Joab Silva
Especial para o CT

O que criança tem a ver com siderúrgica?

Oi, meu nome é Jéssica Émile. Tenho 8 anos de idade e moro com meus avós. Estudo a 2ª Série na Escola Municipal Maria Amélia Soares. Estou feliz porque fui escolhida para participar do projeto Repórter Criança, e ainda mais porque fui fazer a cobertura da Sipatinha, uma semana de prevenção de acidentes de trabalho, só que para crianças.
Eu fui na Sinobras com o tio Ulisses e lá me diverti bastante junto com 51 crianças, todos filhos de funcionários daquela siderúrgica. Afinal, as palhaçadas das palhaças Pipoca, Paçoca e Maionese foram muito divertidas. Achei a Pipoca a mais sapeca de todas. As brincadeiras era essas: soco-soco, bate-bate, Chapeuzinho Vermelho, alongamentos e etc. Posei para várias fotos, cantei o Hino Nacional e ouvi histórias para evitar acidentes em casa.
Eu entrevistei a coordenadora Patrícia Macedo, criadora do projeto Sipatinha. Ela me disse que o objetivo da Sipatinha é esclarecer as crianças sobre a segurança em suas casas, além de mostrar para elas como é a empresa onde os pais delas trabalham.
Perguntei também quantas crianças e adultos estão participando da Sipatinha. Ela me disse que no primeiro dia participaram 39 crianças, e que no segundo, quando eu fui, tinha 51. Já adultos eram mais de 100.
Eu entrevistei também a Geovana Lissa, de 9 anos de idade. A mãe dela trabalha lá na Sinobras e eu perguntei se ela acharia normal a mãe dela chegar em casa com ferimentos, toda acidentada. Ela disse que não, mas lembrou que teve uma vez que ela chegou em casa com ferida. Eu quis saber se ela, Geovana, podia ajudar sua mãe a se prevenir de acidente no trabalho. Ele respondeu que sim, e que sempre pede para sua mãe não subir em escada sem equipamentos de proteção.
Por último, perguntei para a Geovana o que ela mais gostou na Sipatinha e ela respondeu, como eu, que foi das palhaças.
Depois de falar com a Geovana, eu entrevistei a sua mãe, Roseane Silva dos Reis, que tem três filhos. Ela disse que trabalha como técnica de segurança de trabalho e que eles usam mais de 100 tipos diferentes desses equipamentos.
Depois de participar do Repórter Criança, a minha professora Maria Rosário, a diretora Joisa e outras pessoas fizeram uma festa surpresa para mim, lá na escola. Elas descobriram que eu gosto de bolo de chocolate e fizeram um bem gostoso. A festa teve balões também e todos os meus colegas da sala participaram.



Jéssica Émile
Especial para o CT

Ciganos não são maus






Olá, pessoal, eu sou a Jéssica Brenda Silva Pereira, tenho 9 anos, estudo a 3ª série na escola Luzia Nunes Fernandes, que fica na Folha 28. Lá eu tenho muitos colegas que são especiais para mim, mas a Maria Helena é a minha melhor amiga, porque desde a Alfa nós estudamos juntas. Eu moro com meus pais, um irmão que é mais velho que eu, uma irmã que é mais nova e esperamos o Davi Filho, que deve nascer em breve. Desde quando eu soube do projeto Repórter Criança fiquei com vontade de participar e mais ainda quando o professor Raimundo me disse que eu estava entre as doze crianças escolhidas.
Eu fui entrevistar crianças ciganas em um acampamento que fica na Folha 30 e fiquei surpresa em ver que eles são pessoas normais, assim como eu e você. Apenas em algumas coisas são diferentes. Conversei com Laiane Iancovith, de 9 anos e com Larissa Iancovith, que tem 12 anos. Elas me contaram como é a rotina das crianças que vivem em tendas e cabanas.
Para elas, a vida de cigano é boa, pois eles vivem viajando de um lugar para outro, se sentem livres e conhecem muitos lugares. Eu perguntei como era a convivência dos ciganos com as demais pessoas, e Larissa me disse que é boa, mas que algumas pessoas pensam que eles são perigosos e que vivem de roubar, por isso não gostam de ficar perto do acampamento e nem de conversar com eles.
Eu perguntei se ela gostaria de deixar um recado para essas pessoas, e Larissa disse que os ciganos são iguais a todo mundo, que não são ladrões e gostam de vivem em paz.
Eu quis saber sobre o dia a dia das crianças ciganas e Laiane me disse que eles brincam, trabalham e até vão à igreja. Eu fiquei curiosa para saber como eles estudam e Laiane me explicou que eles estudam no acampamento com uma professora particular, mas quando eles estão em Goiânia, que é a cidade onde eles moram e têm suas casas, eles vão à escola.
Para comprar as roupas que usam, os ciganos vão a uma fábrica de São Paulo, mas as roupas são iguais às nossas. Outra coisa que eu quis saber foi sobre a comida deles. Larissa me disse que eles comem arroz, feijão, carne, galinha, porco, ou seja, a mesma coisa que todos comemos. Eu perguntei ainda como eles ganhavam dinheiro e ela me disse que os adultos e os jovens trabalham vendendo colchas de cama e por isso eles vivem viajando por várias cidades. Em cada lugar eles passam quatro ou cinco meses.
Eu notei que eles falavam algumas palavras em outra língua e perguntei o que era. Larissa me disse que era uma língua deles mesmo e que todas as crianças aprendiam. Eles me ensinaram nais tuque, que quer dizer obrigado. No final da entrevista Larissa e Laiane me disseram quais eram as brincadeiras que as crianças do acampamento mais gostavam: pique-esconde, pique-novela e pique-frutas são algumas delas, e eu brinquei com eles de carrossel de picolé, uma brincadeira que eu já conhecia. Foi uma tarde muito legal.





Jessica Brenda
Especial para o CT

Eu me meti em política

Eu me chamo Jaqueline dos Santos Feitoza, tenho 11 anos e moro na Folha 33, Nova Marabá. Estudo a 4ª série na escola Silvino Santis, lá mesmo no meu bairro.
No meu dia de Repórter Criança eu fui à Câmara Municipal saber como os vereadores trabalham e conhecer um pouco sobre o dia a dia deles. Tive de esperar muito para a sessão começar. Estava marcada para 9h20 mas só foi iniciar depois de 11 horas.
Eu tinha muitas perguntas para fazer, principalmente sobre melhorias para a Folha 33 e para minha escola. Então, o tio Ulisses, repórter que me acompanhou, achou melhor eu entrevistar o vereador Ronaldo da 33, que mora no mesmo bairro que eu.
E deu certo. Perguntei a ele qual a função do vereador, e ele me disse que tem de fiscalizar o Executivo, ou seja, a prefeitura, além de criar leis, fazer projetos que contribuam para o desenvolvimento da nossa cidade.
Também perguntei pra ele qual a parte mais difícil de ser vereador e o Ronaldo respondeu que são as cobranças que ele e outros vereadores recebem por parte da população, pois não podem executar nenhuma obra, apenas pedir para o prefeito.
Eu fiquei curiosa e perguntei ao Ronaldo da 33 o que ele fazia antes de ser vereador. Ele me contou que trabalhou como mototaxista, com compra e venda de madeira e até vendedor de perfume.
Já que ele carrega no nome ou apelido o número de nossa Folha, eu perguntei para o Ronaldo da 33 o que ele pretende fazer por aquele bairro de gente pobre. Ele lembrou que quando o Tião Miranda era prefeito ele conseguiu um pouco de asfalto, uma praça. Agora, ele disse que vai lutar para levar água tratada para toda a Folha 33.
Eu contei para o vereador a situação da minha escola, onde piso da quadra de esporte está todo rachado, não tem cobertura e as salas vivem lotadas. Além do mais, quem termina a 4ª série este ano, como eu, tem de ir estudar longe, atravessar a Transamazônica caminhando duas vezes por dia e colocar a vida em perigo. Tudo porque na Folha 33 não tem uma escola da 5ª a 8ª série.
O Ronaldo prometeu que ia visitar minha escola e conhecer toda a realidade para apresentar um requerimento para o prefeito Maurino Magalhães. Eu espero que dê certo mesmo.
Depois da entrevista, ainda passei uma hora acompanhando a sessão da Câmara. Vi os vereadores discutindo sobre vários assuntos. Já ia me esquecendo. A vereadora Irismar foi muito simpática comigo e me cumprimentou e fez questão de me apresentar para todos os vereadores. Peguei na mão de todos eles. Foi legal e espero que através desta reportagem eu possa ganhar benefícios para o meu bairro.

Jaqueline Feitoza
Especial para o CT

Decidir é coisa (de juiz) séria

Olá, leitores. Sou Gabriela Veloso, tenho 11 anos, faço o 8º ano na escola Disneylândia e gosto muito de estudar. Uma das pessoas que me incentivou a participar do Repórter Criança foi a Eliene Rodrigues, minha coordenadora e também a minha professora de Português, a Leila. Mas quem realmente me deu aquela força foi a minha mãe, a dona Lúcia. Eu moro com ela e um dos meus irmãos na Folha 17. No meu tempo livre gosto de assistir filmes e de ler, mas também gosto de fazer educação física.
Eu entrevistei um juiz. O nome dele é Eduardo Rodrigues de Mendonça Freire, que é responsável pela 6ª Vara, que é a da Infância e Juventude. A nossa conversa foi no Fórum de Marabá, e a minha primeira pergunta para o doutor Eduardo foi por que ele resolveu ser juiz e ele me falou que desde criança sempre quis ajudar as pessoas e que sendo juiz ele consegue fazer isso.
Ele também disse que apesar dos problemas que enfrenta na profissão, adora ser juiz, e se pudesse escolher a profissão novamente, escolheria de novo ser um juiz.
Eu quis saber qual tinha sido o caso que mais o tinha deixado emocionado, e ele me respondeu que entre muitas coisas bonitas e feias que já viu, o caso de uma menina que foi violentada pelo próprio pai o deixou muito chocado, principalmente porque o pai da menina tinha AIDS e ela terminou sendo contaminada.
Tive a curiosidade de perguntar se ele já tinha se arrependido de algum julgamento que fez e sua resposta foi que não, pois ele sempre julgou com muita certeza e segurança. Perguntei então ao doutor Eduardo qual a situação das crianças abandonadas de Marabá. Ele me explicou que é muito complicado, mas que não depende só dele, mas do poder público, principalmente do Executivo, que são os responsáveis por liberar o dinheiro para a construção de casas de passagem e abrigos.
Ele disse ainda que a 6ª Vara tem trabalhado com o objetivo de que o maior número de crianças possa ser adotado e espera que em pouco tempo isso se torne uma realidade.
Por fim, eu quis saber se ele já tinha pensado em criar alguma medida que estabelecesse um horário para crianças e adolescentes ficarem nas ruas, e ele disse sim, mas que isso não pode ser iniciado agora. Ele me contou que na maioria das vezes são os pais que se esquecem da educação dos filhos, deixando eles correrem vários ricos, mas que quando a família falha, cabe ao Estado substituir e tentar resolver esses problemas.
No final da nossa visita ele me perguntou se eu já sabia o que queria ser, me aconselhou a fazer o curso de Direito e me tornar uma juíza. Eu agradeci, mas ainda não decidi o que vou fazer. Eu gostei bastante da minha entrevista e achei o doutor Eduardo muito simpático e atencioso. Quem sabe um dia nos encontremos por aí, numa sala de audiência.


Gabriela Veloso
Especial para o CT

Um cego de duas faculdades

Galera, eu sou a Ana Carolina, tenho 9 anos, estudo a 3ª série na escola Mirian Moreira e sou atendida em uma sala especial da escola O Pequeno Príncipe. Deixa que eu explico isso. Eu nasci com deficiência auditiva e por isso não ouço nada. Como não ouço, não aprendi a falar como todo mundo fala, mas eu me comunico através da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Sou muito feliz com a minha vida e estou muito satisfeita por participar do Repórter Criança. Eu recebo apoio da minha família e das minhas professoras Maria Ilene e Rosimar.
Eu entrevistei um rapaz que também tem uma deficiência, é o Nacélio Sousa, de 25 anos. Ele não enxerga, mas olhem só, ele passou em dois vestibulares e estuda em duas faculdades. É mole ou que mais? A nossa conversa foi na Universidade Estadual do Pará, onde o Nacélio estuda Ciências Naturais. Ele me recebeu muito bem.
Para que a gente pudesse conversar, foi preciso que a professora Rosimar me ajudasse. Eu fazia as perguntas para ela na linguagem de sinais e ela traduzia para ele. Ele respondia para Rosimar e ela me dizia a resposta dele. Pode até parecer difícil, mas foi bem legal. Eu descobri que o Nacélio mora com sua mãe e com um irmão e que é ela quem faz a comida deles. Mas eu descobri também que o Nacélio, mesmo sendo cego faz muitas coisas em casa, como cozinhar, arrumar a casa e até mesmo lavar roupas.
Eu perguntei para o meu entrevistado se tinha sido difícil passar em dois vestibulares e ele me disse que se sentiu igual a todo mundo, mas o que deixava ele triste quando estava se preparando para o vestibular é que o material dele, que é todo escrito em Braile (um monte de bolinhas marcadas no papel e que são lidas com as pontas dos dedos) quase sempre chegava atrasado e ele perdia tempo.
Eu quis saber como era a rotina dele e Nacélio me explicou que todos os dias de manhã alguém da família dele leva ele da sua casa, que fica na Folha 33, até a parada de ônibus e que ele vai sozinho para a UEPA. Ele volta para almoçar em casa, ajudar no que pode e de noite vai estudar de novo, só que ele vai para a Universidade Federal do Pará, onde estuda no curso de Ciências Sociais.
Como eu quero ser um soldado quando crescer, perguntei o que ele queria ser e ele me disse que quer ser Sociólogo e Químico.
Eu quis saber do Nacélio o que era mais difícil em ser cego, e ele me disse que em Marabá não tem acessibilidade, que é quando as calçadas não são da mesma altura, rampas de acesso e pisos diferenciados. Ele me falou também que muitos motoristas estacionam nas calçadas e que isso atrapalha quando ele ou outras pessoas que têm deficiência precisam andar por aí.
Eu perguntei ainda como ele fazia para encontrar as coisas na casa dele, e ele me respondeu que todas as coisas ficam sempre no mesmo local, então ele já aprendeu onde elas ficam e fica fácil, fácil para encontrar. Nós resolvemos dar um passeio pela universidade e Nacélio me levou para conhecer a sua turma e mesmo não ouvindo nada, eu percebi que eles estavam fazendo barulho, talvez porque ficaram sabendo que eu era a repórter que estava entrevistando o Nacélio.
Foi uma manhã bem legal, gostei do Nacélio, do passeio e principalmente de ser a repórter, mas ainda estou querendo ser soldado!

Ana Carolina
Especial para o CT